Não há regras para boas fotos, apenas há boas fotos
(Ansel Adams)

terça-feira, 10 de abril de 2012

A MEZINHA DE S.SEBASTIÃO EM VILA GRANDE (DORNELAS)-BOTICAS (FOTOREPORTAGEM



Todos os anos no dia 20 de Janeiro, realiza-se aquela que é uma das mais importantes festas de cariz comunitário: A Mezinha de S.Sebastião ou a Festa das Papas como inicialmente era conhecida.As origens desta festa perdem-se no tempo, diz a memória popular que aquando das inavsões francesas, o povo de Vila Grande avistou os soldados a passar numa estrada, a estrada velha, perto da aldeia de Couto de Dornelas e sabendo que por onde passavam, saqueavam tudo, imploraram a protecção divina.



Pegaram na imagem de S.Sebastião, saíram com ele à rua, levaram-no até à torre da igreja e prometeram ao Santo que todos os anos realizariam uma festa em sua honra se as tropas não descessem até às aldeias.Eis que o milagre se deu, a tropas seguiram e o povo, agradecido,cumpriu a promessa.



A organização desta festa, refeição comunitária, está a cargo dos mordomos, inicialmente os 9 maiores lavradores da aldeia de Vila Grande, num sistema de rotatividade entre eles.São os mordomos, com a ajuda de familiares e amigos, que arranjam e preparam a comida servida na refeição comunitária composta por pão, carne e arroz.



Dada a dimensão desta festa tudo tem de ser preparado com muita antecedência.Por altura do Natal andam pelas casas das aldeias da freguesia a recolher os cereais (centeio e milho) para fazer as broas.
Em Janeiro recolhem os restantes donativos: carne de porco (essencialmente peito e queixadas) e dinheiro para comprar o arroz.
Além de procederem à recolha destes produtos arranjam lenha para cozerem as broas e para cozerem os alimentos e procedem à moagem dos cereais em dois moinhos locais.



A comida é confeccionada na "Casa do Santo" construida para o efeito.



Tem uma cozinha com uma lareira, um forno muito grande e uma sala para armazenar as broas.



Durante cinco dias e cinco noites cozem as centenas de broas que vão ser distribuidas no decorrer da festa.






No dia 19 à meia-noite acendem o lume na lareira da "Casa do Santo" à volta da qual dispôem 20 potes de ferro com a carne partida aos bocados a cozer.







No dia 20, assim que toca o sino para a missa, colocam-se os potes com o arroz a cozer.












Finda a missa, seguem em procissão com o Santo até à "Casa do Santo", onde o padre procede à benção do pão, da carne e do arroz.






Pode então iniciar-se a distribução da comida.






Na principal rua da aldeia , ao longo de centenas de metros estão colocados os bancos de madeira , cobertos com alvas tolhas de linho - a mesa - onde será colocada a comida .












Esta refeição é para todas as pessoas que a ela acorrem.Pratos e talheres cada um leva os seus, assim como a bebida para acompanhar tão salutares alimentos






Entretanto o mordomo percorre a mesa dando o S.Sebastião a beijar e recolhendo as dádivas que cada romeiro queira oferecer ao Santo.







Dizem que, por ser benzida, esta comida tem propriedades curativas, de tal forma que as broas podem-se guardar muito tempo que não criam bolor.Tais são os benefícios que lhe são atribuidos, que muitos são os que levam pedaços, sanão mesmo broas inteiras, para casa, para comer ou dar aos animais para que não padeçam de maleita nenhuma.




Um agradecimento especial ao Dinis M. Ponteira e ao Fernando Ribeiro da Associação de Fotografia Lumbudus de Chaves por me terem levado e guiado nesta festa.



Fotos - António Tedim
Fonte do texto - Portal do Folclore Portugês

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