Não há regras para boas fotos, apenas há boas fotos
(Ansel Adams)

terça-feira, 24 de abril de 2012

10.000 VISUALIZAÇÕES

DIA MUNDIAL DO LIVRO
10.000 VISUALIZAÇÕES





23 de Abril - Dia Mundial do Livro

Feliz coincidência esta que no Dia Mundial do Livro o meu blog tenha atingido as 10.000 visualizações.


As duas minhas grandes paixões - a leitura e a fotografia - parece que se juntaram para festejar este número tão redondo de visitas ao meu cantinho da blogesfera
.
É muito encorajador verificar que em tão poucos meses pessoas de 45 países dos cinco continentes já passaram por aqui.

O blog tem servido para publicar aquilo que o meu olhar tem captado "por aí".

É aqui que vou dando notícia das exposições de fotografia em que individualmente ou colectivamente tenho participado.

Tenho procurado dar a conhecer festas e/ou acontecimentos muito pouco conhecidos e que pelo "feedback" que recebi foram do agrado de quem me visita. Lembro por exemplo A Rapa das bestas de Sabucedo, O banho Santo de S.Bartolomeu e a Mezinha de S.Sebastião.

Um dos momentos mais marcantes para mim nestes meses de "blogueiro" foi quando o Rui Santos aceitou o meu desafio para escrever um texto sobre fotos minhas.
O resultado desta parceria é a publicação "Uma Foto, Uma Leitura" que com regularidade venho publicando.
O Rui Santos é um jovem a quem auguro um futuro brilhante na área da escrita.É para mim muito gratificante tê-lo a escrever sobre as minhas fotos.
Obrigado Rui.

Obrigado a todos pelo carinho que me têm demonstrado.

António Tedim

segunda-feira, 23 de abril de 2012

UMA FOTO, UMA LEITURA

Em homenagem ao Dia Mundial do Livro aqui fica mais uma publicação "Uma Foto, Uma Leitura" uma parceria entre mim e o Rui Santos que escreve sobre fotos minhas





                                                      DEPOIS DA VIDA .... A VIDA


No alto deste monte verde fresco e frondescente, a casa fumegava pela chaminé o fumo da lareira em sincronia com cada inalação que saboreava com deleite no meu cachimbo, pairando no ar do alpendre uma nuvem com aroma doce, quase tão acolhedor como o calor que provinha do fogo. A passagem do inverno para a primavera provoca na natureza um período de ajuste, tornando os dias incaracterísticos, num limbo inebriante onde o sol começa a sua batalha para afastar o frio, cedendo delicada e alternadamente, até que, de forma gradual, torna a sua presença imponente e única.


A cadeira de baloiço de madeira velha - que tanto ansiei por ela - embala-me no ócio, de cachimbo na boca, pernas cobertas com a minha manta aos quadrados, e uma grafonola a projetar a voz inconfundível de Cole Porter que resiste no tempo e às crueldades que a agulha faz sempre que se passeia pelo LP, já não bastasse o ruído de fundo original do disco. Mesmo neste ambiente e cenário edénico, ainda tenho a tentação de olhar o horizonte para ver o sol a pôr-se, ainda vai alto, sobre a cidade - aquela cidade que me deixou partir para viver a vida depois da vida - como uma espécie de dependência a que ainda não consigo resistir. Rapidamente sou chamado para a minha ansiada realidade com o soar do apito da chaleira, a água ferveu. Nos finais de tarde, gostamos de ficar sentados neste nosso ninho a apreciar o vale de soberba variedade de árvores que agora começam a desabrochar, lentamente, a gozar cada folha nova que renasce, cada flor que dá cor, depois da nudez do inverno. O chá chega, a chávena quente deixa escapar um vapor que acaricia a minha cara enquanto beberico o roibos de olhos colados no olhar da minha mulher que sorri, naquele momento mágico em que o mundo somos só nós os dois, eu sou só dela e ela é só minha no meio do nada que nos enche de felicidade. Cole Porter parece que percebe a intimidade daquele momento e começa a cantar a balada I Am In Love, numa serenata improvisada, aproveitada para declararmos em silêncio o nosso amor.


Terminamos o chá, deixo o cachimbo, retiro a manta das pernas, levanto-me e estendo a mão à minha outra parte para dançarmos Lets Do It Lets Fall in Love. A música termina e continuamos agarrados a dançar, com os olhos a brilhar, ao som daquela música que só se ouve pelo coração.


Decidimos aproveitar o que resta daquele dia em que o Sol não cedeu para descermos do alto do monte, para um passeio de jovens apaixonados, até ao rio que fica junto ao princípio do vale, de mãos dadas fomos caminhando pela margem, os peixes e as espécies verdes bailavam na água, o cheiro fresco e limpo da verdura do chão, que delicadamente pisávamos, limpava a nossa alma complementada com a harmonia que preenchia aquele espaço. A meio, paramos e sentamo-nos na relva. Coloquei a manta aos quadrados sobre as nossas pernas e ficamos a apreciar a água do rio que passava sem parar.

terça-feira, 10 de abril de 2012

A MEZINHA DE S.SEBASTIÃO EM VILA GRANDE (DORNELAS)-BOTICAS (FOTOREPORTAGEM



Todos os anos no dia 20 de Janeiro, realiza-se aquela que é uma das mais importantes festas de cariz comunitário: A Mezinha de S.Sebastião ou a Festa das Papas como inicialmente era conhecida.As origens desta festa perdem-se no tempo, diz a memória popular que aquando das inavsões francesas, o povo de Vila Grande avistou os soldados a passar numa estrada, a estrada velha, perto da aldeia de Couto de Dornelas e sabendo que por onde passavam, saqueavam tudo, imploraram a protecção divina.



Pegaram na imagem de S.Sebastião, saíram com ele à rua, levaram-no até à torre da igreja e prometeram ao Santo que todos os anos realizariam uma festa em sua honra se as tropas não descessem até às aldeias.Eis que o milagre se deu, a tropas seguiram e o povo, agradecido,cumpriu a promessa.



A organização desta festa, refeição comunitária, está a cargo dos mordomos, inicialmente os 9 maiores lavradores da aldeia de Vila Grande, num sistema de rotatividade entre eles.São os mordomos, com a ajuda de familiares e amigos, que arranjam e preparam a comida servida na refeição comunitária composta por pão, carne e arroz.



Dada a dimensão desta festa tudo tem de ser preparado com muita antecedência.Por altura do Natal andam pelas casas das aldeias da freguesia a recolher os cereais (centeio e milho) para fazer as broas.
Em Janeiro recolhem os restantes donativos: carne de porco (essencialmente peito e queixadas) e dinheiro para comprar o arroz.
Além de procederem à recolha destes produtos arranjam lenha para cozerem as broas e para cozerem os alimentos e procedem à moagem dos cereais em dois moinhos locais.



A comida é confeccionada na "Casa do Santo" construida para o efeito.



Tem uma cozinha com uma lareira, um forno muito grande e uma sala para armazenar as broas.



Durante cinco dias e cinco noites cozem as centenas de broas que vão ser distribuidas no decorrer da festa.






No dia 19 à meia-noite acendem o lume na lareira da "Casa do Santo" à volta da qual dispôem 20 potes de ferro com a carne partida aos bocados a cozer.







No dia 20, assim que toca o sino para a missa, colocam-se os potes com o arroz a cozer.












Finda a missa, seguem em procissão com o Santo até à "Casa do Santo", onde o padre procede à benção do pão, da carne e do arroz.






Pode então iniciar-se a distribução da comida.






Na principal rua da aldeia , ao longo de centenas de metros estão colocados os bancos de madeira , cobertos com alvas tolhas de linho - a mesa - onde será colocada a comida .












Esta refeição é para todas as pessoas que a ela acorrem.Pratos e talheres cada um leva os seus, assim como a bebida para acompanhar tão salutares alimentos






Entretanto o mordomo percorre a mesa dando o S.Sebastião a beijar e recolhendo as dádivas que cada romeiro queira oferecer ao Santo.







Dizem que, por ser benzida, esta comida tem propriedades curativas, de tal forma que as broas podem-se guardar muito tempo que não criam bolor.Tais são os benefícios que lhe são atribuidos, que muitos são os que levam pedaços, sanão mesmo broas inteiras, para casa, para comer ou dar aos animais para que não padeçam de maleita nenhuma.




Um agradecimento especial ao Dinis M. Ponteira e ao Fernando Ribeiro da Associação de Fotografia Lumbudus de Chaves por me terem levado e guiado nesta festa.



Fotos - António Tedim
Fonte do texto - Portal do Folclore Portugês